sábado, 26 de abril de 2014

Ciclo da mente



À minha direita o chafariz da Redenção, logo à minha frente um casal se amassa na grama. Eu escrevendo e ouvindo Pantera às ganhas, como se nada no mundo importasse.

Minha mente me questiona sobre o porque de escrever. Respondo que não sei, que escrevo para crescer, me entender, pra chamar a atenção, podem ser vários motivos. Um brainstorm só serve pra complicar minhas ideias. Não consigo chegar a nenhuma conclusão. Então continuo escrevendo por escrever, descobrindo milhares de coisas com a literatura e não descobrindo o motivo de ela ser importante pra mim.

Aí tu vai me dizer que justamente a importância dela é justamente eu descobrir milhares de coisas. Mas não funciona desse jeito. Estou lendo Clube da Luta, um livro ácido e irônico. Li antes O Menino do Pijama Listrado, uma obra triste e iluminadora, que foi precedida por Realidades Adaptadas, do Philip K. Dick, ficção científica na sua mais pura forma. E no princípio de toda essa bagaça estavam as obras de fantasia.

Não funciona desse jeito pelo fato de isso ser a consequência, não o objetivo. Há algo que busco nas palavras que crio e que leio que ainda não foi decifrado. Pode chamar de elevação espiritual, crescimento pessoal, ascensão da casa do caralho. Mas não reduza a descobrir milhares de coisas.

O nascimento desse blog é tudo culpa da Luiza. Apareceu do nada e assim do nada sumiu. Um fantasma, aquela filha da puta linda que com meia hora de palavras derrubou minha muralha de medo de criar e mostrar ao mundo minhas ideias ridículas. Houve outras pessoas no caminho, não nego, mas ela foi um caso estranho demais até para se chamar de caso à parte.

Morena. Rush. La Villa Strangiatto. Unhas brancas. Um beijo molhado. Escreva. Escreva.

Comecei a não só criar, mas mostrar. Sem vergonha. Sem medo. Já me perguntaram quando sai o livro. Que livro, meu jovem? Não há mais livro. Se o livro vier, virá, tão singelo como minhas ideias que do nada vêm e para o nada vão.

- Não é pra mostrar o quão bem tu escreve. Não é pra ter elogios. Larga disso. Tu tem que ser criticado. A porrada fortalece os ossos, tu aguenta mais, te torna mais forte, te liberta do medo e da acomodação. É pra falarem mal.

Digo que não sei se aguentaria. Mentira. Tu aguenta. Tu tem medo, te borra disso. Uma coisa com o medo é que tu não tem que vivê-lo, tem que aceitá-lo. Não é eu tenho medo e sim tenho medo e foda-se. Sinta o medo como uma emoção e não como um terror e tudo fica mais fácil.

Ela não me chama de babaca porque sabe que eu me ofenderia. Mas eu sou, sei disso.

Do meu lado tem duas mulheres abraçadas. Uma diz que não quer sair dali nunca mais. A outra ri. Uma hora tu vai ter que sair. Uma hora todo mundo tem que sair e sentir o abraço frio do mundo. Então escreva.

Eu já amei uma vez. É bom pra caralho amar. E como tanto amei, desamei. E consegui. Saí desses braços. As gurias se beijam com amor. Não é cálido, mas é intenso, com mais coração que tara. Sinto inveja e admiração. A guria sai dos braços da outra, levanta. Escrevo.

Luiza me olha. Ela não me beija, apenas me instiga. Aqueles lábios brilhantes só riem e falam. Provocam. Me excitam. Me exercitam.

Volto aos meu pensamentos. Eu comigo mesmo. Meus Dois Pândegos discutindo sobre o tom do que lerei ou produzirei. Quero fazer sozinho, com minhas ideias perdidas.

Sem ninguém por perto.

Mas a Luiza me olha com aquela curiosidade debochada. Ela parece crescer junto com meu texto. Mas tento olhar pra ela e apenas vejo um senhor muito velho andando numa bicicleta sem marcha lentamente. Faceiro que só. Como se fosse seu primeiro passeio. Ele ainda tem medo de cair. Sinto em sua mão firme no guidão. Mas ele não para. Segue seu passeio. Medo como aventura. Emoção.



O mesmo sorriso de 70 anos atrás. Genesis. Supper's Ready. Mão firme. Escreva.

E eu aqui olhando as pessoas, o mundo e pensando a respeito. Decidindo que o pândego número 1, o mais reflexivo e sensato, é que vai assumir hoje. A coisa é séria, uma jornada de autodescobrimento pra mim. Por isso me inspiro melhor quando estou na rua. Gosto de ver as pessoas, seu medos, sua convicções. Os olhos e as mãos falam muito.

Ninguém fala mais que a Luiza, porém. Falei com ela por meia hora. Ela continua falando comigo até hoje. Nem sei se ela existe de fato. Mas por trás do meu ombro ela apoia seu queixo, eu consigo sentir o cheiro gostoso de sua pele. Luiza entra nas minhas ideias, mexe com meus brios, me instiga.

- Não para.

domingo, 30 de março de 2014

A vida amorosa sem graça de Valdoir

Pobre Valdoir.

Nasceu de parto normal, com o peso comum, nenhuma deformidade fora a cara de joelho. Foi criado normalmente pelos pais, teve catapora aos 6 anos, quebrou um dedo aos 9 jogando bola, comeu biscoito que caiu no chão e não morreu, tinha a habilidade de engolir o ar e falar seu nome arrotando, não gostava de comer mondongo, tinha medo do plantão da Globo, nunca rodou na escola mas também nunca gabaritou nada.

Descobriu a masturbação com cerca de 12 anos e no afã da descoberta, na loucura do novo prazer, na ferocidade do ato, arrebentou o freio do pinto, não contou à mãe por medo e teve uma infecção que deixou uma cicatriz maneira. Foi sua história mais emocionante da juventude, junto com o dia em que abriu um pacote de Miojo e foi agraciado com dois temperos.

Com 14 anos conheceu Luciela, uma moreninha tímida e sem grandes atrativos que curtia quietinha seus fones de ouvido durante a aula. Depois de tanto ouvir dos seus colegas de que deveria abordá-la, Valdoir tomou coragem, se aproximou dela, perguntou-a se queria ir à casa dele assistir Dragon Ball e ela disse não. Que chato.

Não tardou e no mesmo ano Tina, uma moça ruiva, começou a conversar com ele. Seus colegas o aconselharam a não falar com aquela guria, pois segundo algumas histórias ela era uma vagabunda que já tinha até feito sexo, que horror. Seguindo seu coração - correção: seguindo mesmo sua piroca, mas ninguém admite -, continuou falando com Tina e assim ficou com ela, descobriu a beleza do primeiro beijo numa sinfonia de incisivos se batendo e dando choque, o arrepio do cotovelo safado no peitinho durante o filme, o sabor da lambidinha no ouvido mal lavado com aquele gosto de cera, mas não a anestesia inebriante do sexo. Tina o trocou por outro cara mais bonito e mais forte.

Foi com 15 anos que começou a ir às festas de debutantes, e a julgar pela quantidade de garotas livres nesses eventos, foi a grande esperança de Valdoir conseguir uma pepeca para sua iniciação ao mundo adulto. E assim, cego e burro, esse babaca não pegou ninguém em nenhuma das 8 festas durante esse ano. Seu melhor evento nesse período foi ter tomado um porre épico, vomitado no meio do salão, encochado a avó da aniversariante, se masturbado ao lado do DJ, ter sido expulso e no fim levado uma surra de fio de telefone do pai.

No terceiro ano do Ensino Médio que foi saber qual era a temperatura, profundidade e umidade de uma vulva. E foi com Shana, uma moça de 32 anos feia pra caralho que deu atenção a ele num momento de solidão. Não foi um sexo bonito, principalmente pelo fato de os dois estarem perdendo a virgindade naquele momento e não conhecerem muito bem a arte da cópula. Essas coisas de novato, como tentar desenrolar a camisinha para o lado errado e arrebentar a borda do condom para assim ele sair do tico e ficar dentro da moça.

Namoraram por 19 dias, com declarações que fariam os poetas românticos lamentarem a pobreza de suas obras. Valdoir simplesmente largou Shana quando voltou a encontrar Tina, aquela mesma, de três parágrafos antes. Não, ele não ficou com a Tina; apenas reencontrá-la, ver seu sorriso e receber um abraço bastaram para Valdoir julgar que seu tempo com Shana acabara e que estava para começar uma era com seu primeiro amor. Tina não quis porra nenhuma. Estava grávida do cara mais bonito e mais forte, mas logo em seguida esse cara mais bonito e mais forte a largaria para ficar com uma garota mais bonita e mais gostosa. A vida tem dessas coisas.

Então Valdoir se formou no Ensino Médio, mas não compareceu à própria cerimônia e festa pois estava com uma dor fudida no dente. Ficou em casa jogando bolita com o vô e tomando paracetamol. Depois de 5 dias e 2 dentes podres caídos, sua mãe concluiu que era hora de levá-lo à dentista. Ficou com um buraco na gengiva, teve que colocar um aparelho e ficou mais feio do que era.

E então chegamos ao Valdoir de hoje! Um jovem de 20 anos, vivido, cheio de vigor no corpo e pouca sabedoria no cérebro. Com muito sangue para seu corpo cavernoso e muita oleosidade para seu rosto. Com muito potencial para receber conhecimento e pouco potencial para compreendê-lo. Com muita beleza interna e pouca externa. Um grande jovem, cheio de vontades, desejos, frustrações e acne.

E vemos nosso campeão pegando o Alameda pra descer na altura da Azenha! Ele está no ônibus lotado. Ao seu lado um jovem escuta no viva-voz do celular um funk cuja letra envolve a anatomia genital feminina, mas Valdoir não se incomoda com essa música de merda, pois ele está com seus fones curtindo um Fresno maroto e olhando uma garota que mora perto de sua casa (a dele).

A garota já falara com ele mais de uma vez na padaria. Um 'oi' aqui, um 'com licença' ali, um 'tchau boa tarde' noutro dia que renderam horas de masturbação nervosa e algumas meias rasgadas. Não ficou só nisso, claro. Um dia os dois voltaram juntos da padaria, e assim Valdoir descobriu que a jovem moreninha bunduda se chamava Clara, tinha 19 anos, fazia técnico em biblioteconomia e já passara o verão em Imbé.

Valdoir, com seu beiço proeminente, chegou a buscar momentos para encontrar Clara, mas falhou no intento. A guria tinha horários irregulares. Foi quando, no ônibus, viu a moça e decidiu que seria naquele dia que ele a convidaria para sair.

Ela desceu uma parada antes, a última antes de cruzar a Ipiranga, e Valdoir a seguiu. Se fazendo de louco, a ultrapassou olhando pra cima e manifestou completa surpresa quando a viu (quem olhou de fora o achou um imbecil de marca maior). Valdoir riu. Clara riu. Um terceiro cara que passava por ali se cuspiu todo rindo.

Nosso herói precisava puxar um assunto com a moça, então astutamente perguntou onde ela ia, e teve como resposta o Hospital Ernesto Dornelles. Valdoir complementou que era um ótimo hospital. Clara apenas olhou e nada disse. Valdoir continuou, dizendo que uma vez levou sua avó aí pra tirar uma verruga do sovaco e foram muito bem atendidos e que lá tem uma TV que passa Vídeo Show enquanto você espera. Clara não soube reagir ante essa informação, mas foi salva pela gargalhada gorgolejante de Valdoir e riu junto, aproveitando a deixa para se despedir, ao que foi retrucado com um eu te acompanho. E assim seguiram até a porta do hospital.

Lá, na entrada do hospital, Valdoir sentiu a chance chegar. Era o princípio de tudo. Clara era a guria perfeita. Era inteligente, tinha a bunda grande, bonita, poderia muito bem namorar com ela, casar, ter um filho. Nunca encontrara uma jovem assim, talvez nunca encontraria, ele, com aquela lata horrorosa, sem talento pra porralguma, com um vocabulário raso, pouco argumento, petista, feio, feio, feio. Tomou a dianteira, afinal, um homem de atitude ganha o mundo.

- Então, Clara, queria te convidar pra sair uma hora dessas, sabe, comer um xis no Speed...

- Não, Valdo, tenho namorado!

E assim terminou a triste saga completamente tediosa de Valdoir. Desculpa.

----------------------------------------------------

(Rumores contam que após o fora Valdoir foi abordado por um adulto de estatura muito abaixo do normal com a promessa de putas lindas e fogosas a preços módicos. O que se sabe é que nosso personagem foi encontrado no Guaíba, próximo ao Beira Rio, totalmente nu e incapaz de caminhar.)

quinta-feira, 27 de março de 2014

O Anão Sodomita

Este é o depoimento de um jovem que foi atacado na noite de 30 de Janeiro de 2014. Para preservar seu nome e sua bunda, a pedido, o identificaremos como Dionatas.

Dionatas - Nunca imaginei que existiria uma coisa dessas. Eu ainda estou em choque, acho, e minha bunda dói muito. Primeiro pela situação inusitada. Segundo pela proporção. Como pode um cara tão pequeno ter uma jiroba tão grande? O cara é um pônei!

Luiz - E tu tava onde quando aconteceu?

Dionatas - Eu tava bem na minha caminhando na Andradas, quase chegando no Gasômetro, às 4 da manhã. Não, eu não estava vadiando por aí. Mas tava sem maconha naquele dia. E esse foi o ponto. Ouvi uma voz me chamando e oferecendo um becão, e o cara me dizia que era o Tyrion e de onde ele vinha tinha muito mais, blocos e blocos de maconha, verdadeiros tijolos tão grandes que teriam que ser esmorrugados em processadores industriais de linguiça. Porra, né!, aceitei!

Luiz - Sim, tu caiu no papo dele. Sempre funciona assim. Ele larga um papo genérico, e como tu olha aquele baixinho acaba não desconfiando da maldade. Aí ele chega perto, te ataca e passa a... agulha pelo ponto.

Dionatas - Agulha, hahahaha, ah tá, aquele tubérculo... O cara era baixinho, caralho, não botei fé, ninguém bota (ele, sim), mas quando cheguei perto o cara me deu um mata-leão com aquele bracinho e me puxou pro canto com uma força anormal. Mais duas ou três porradas e eu apaguei.

Luiz - E então...

Dionatas - E então eu acordei no hospital todo arrebentado, atravessado na morfina, grogue e largo.

Luiz - Tem previsão de sair da cadeira de rodas?

Dionatas - Ainda não, mas já consigo sentar sem a boia redonda de patinho.

Luiz - Bah, meu, boa sorte aí, melhoras!

Dionatas - Valeu!

Não foi o único caso, claro. Desde esse acontecimento, outras aparições do que hoje chamamos de Anão Sodomita têm povoado a mente dos porto-alegrenses de medo e aflição. A polícia possui algumas informações a respeito desse pequeno indivíduo, mas não o suficiente para identificá-lo e prendê-lo. Apenas retratos falados, menos do rosto e mais do desossado. O que se sabe é que o modo de abordagem segue a lógica de (1) oferecer algo atrativo para a vítima; (2) atraí-la para um lugar seguro e longe de olhares, e (3) atacar de modo rápido, silencioso e violento.

Curioso é que sua ação sexual não envolve o ato oral nem o vaginal, tampouco o onanismo. O Anão Sodomita apenas se interessa pelo ânus das vítimas, não lhe roubando pertences nem fazendo ameaças ou extorsões. Basta-lhe o cu alheio, não importando se o vaso é de homem ou de mulher. Já foram 16 ataques registrados.

Outra peculiaridade é que, nas vítimas que foram curradas enquanto estavam conscientes, ele agradecia e seguia um ritual de três cuspidelas na região-alvo. Outras contavam que durante o ato ele explicava algumas características do nanismo, justificando, para terror das vítimas, porque o corpo ficava tão pequeno em contraponto a algumas partes da anatomia que permaneciam no tamanho original.

Análises de perícia e depoimentos concluíram que o falo do anão mede cerca de palmo e meio de lombo, terminando em uma chapeleta simpática. O calibre pouco difere do braço de uma criança de dois anos. Essas características, que são o pilar (!) da investigação, dão ares dramáticos aos ataques, danos graves às vítimas e curiosidade em incautos.

Segundo o Coronel Miranda, "as informações sobre o pênis do estuprador se tornaram cruciais para a investigação, pois assim poderíamos abordar qualquer anão que circulasse pela cidade e fazer uma análise in loco para bater as medidas e, quem sabe, prender o filha da puta. Infelizmente não esperávamos encontrar tantos anões tão bem servidos, hehe, e temos hoje 7 suspeitos cujas características casam com a rola do criminoso. Nenhum foi identificado pelas vítimas, mas não podemos descartá-los em função de as vítimas estarem possivelmente com trauma físico e psicológico e terem medo de novos ataques à sua integridade retal."

Nélida Matoso, de 88 anos, bordadeira e ex-chacrete, foi a última vítima e ficou uma semana em coma depois do ataque. Segundo os médicos, não voltará a andar. A promessa de tomar chá com biscoitos causou o ataque e hoje Nélida está violada, mas ela nem lembra do ocorrido.

Antes disso, Orion Pereira, empresário de futebol e praticante de swing, ouviu uma conversa sobre um pequeno que era a nova promessa do esporte. Mal sabia que o pequeno era o Anão Sodomita e foi currado em sua própria casa, tendo agora que reaprender a correr, embora sua constipação crônica tenha sido curada.

No final de Fevereiro, Marco Friedman, agente funerário e neonazista, caiu na conversa de sair por aí chutar a bunda de uns judeus pelo Bomfim. Acabou tendo a sua bunda chutada e em seguida teve seu furico empalado pelo falo descomunal do Anão. Hoje capenga da perna esquerda e namora um ator pornô.

Casos como esses apenas levantam perguntas. Quem é esse Anão Sodomita? Por que essa obsessão por tobas? Quando será seu próximo ataque? Por que a polícia não consegue capturá-lo?

Esperamos tão somente que a justiça seja com ele tão dura quanto seu órgão e que ele pague por todos os orifícios feridos na batalha do cotidiano.

quinta-feira, 6 de março de 2014

10 filmes marcantes do Luiz

Falei falei falei dos filmes fodas que não vi, citei uma lista, comentei, me flagelei publicamente, em suma, dissertei sobre obras que desconheço completamente.

Então me peguei pensando: e dos filmes que amo? Aqueles que ficaram no meu coraçãozinho cheio de ansiedade? Os que marcaram minha vida? Os fodas? Os cuiudos? Pois é! Vou fazer uma lista deles. Meu top 10, que a negada adora, um top 10, só 'pras criança dizer' que faltou um da Xuxa, que se não tem uma pornochanchada a lista não tem credibilidade, que eu deveria pelo menos mencionar um filme com o fantástico Eddie Murphy, essas coisas.

A lista não segue uma ordem de preferência, segue uma ordem de coração, com um breve comentário ilógico a respeito e, claro, possíveis SPOILERS.

Os Imperdoáveis
Obra-prima do Clint Eastwood, faroeste de primeira, com um clima tão bom, com uma virada tão incrível. Eu me arrepio com esse filme. O personagem do Clint reverbera na minha cabeça como a mensagem de que aquilo em que você é melhor nunca desaparece. Uma hora volta e quando você percebe está executando o seu talento. O dele era matar. O meu... bom, esse filme me dá fé e me inspira.

"Já matei mulheres e crianças. Já matei tudo que anda ou rasteja.
Estou aqui para matar você, Amada Foca".

Matrix
Fui ver no cinema com meu primo Diego. Foi um bagulho doido, meu, a gente saiu do cinema e fomos comer algo na praça de alimentação que não existia, e pedi um hambúrguer que havia sido programado para satisfazer minhas sensações de fome. Saí estranho, pois aquele mundo não era real, eu havia tomado a pílula vermelha e todo aquele conceito do filme mudara minha forma de enxergar o universo. Não era só pelas lindas cenas de ação, pela filosofia, pelas ideias, era por tudo. Um filme marcante pra mim em todos os sentidos. Um dos filmes em que eu saí do cinema bêbado mentalmente, olhando o mundo de outra forma, pensando sobre ele de outra maneira. Esqueça as continuações. Fique com o primeiro Matrix, delicie-se e pergunte-se: o que é real?
"Não, cara, sério, tu precisa tratar essa catarata."

O Império Contra-ataca
Forma caráter. Só o que digo desse filme. E pensar que faz apenas dois anos que o assisti. Essa coisa genial. Essa trilogia genial. Existem aí duas cenas que considero cruciais. Uma parte do Yoda: "Tentar não! Faça ou não faça!" É a chave para o Luke crescer como jedi, deveria ser a chave para as pessoas atingirem seus objetivos. Outra parte é a grande revelação de Darth Vader a Luke e a oferta feita para o protagonista ir para o lado negro da força. Que impacto! Quando a vi, já sabia a verdade sobre o parentesco dos dois, a internet e seus spoilers são foda, mas fazer o que. Mesmo assim, caí da cadeira. Meu, QUE CENA! E que força, que coragem de fazer como ela foi feita! Uma das cenas mais limpas na minha mente. A melhor cena do melhor filme da melhor trilogia. Falei.
"Você gostaria de ouvir sobre a palavra de Deus?"
"Nãoooooooo!"

Clube da Luta
Relutei em ver essa jeba. Toda aquela ideia de loucura, caos, destruição, brigas, mais caos, sabão, pênis. Tyler Durden, Marla, eu sou o câncer de Jack, Project Mayhem, pênis. Tetudo, primeira regra do Clube da Luta, tome o controle da  sua vida, você é tudo o que eu quis ser, pênis. Quando vi, saí grogue.  (Momento Luiz monóculo: o termo grogue nasceu em 1740, na Irlanda, quando uns marinheiros do nosso querido capitão Grog criaram uma bebida à base de Rum e mais umas coisas que não lembro. O estado de quem bebia essa manguaça condizia bem com a situação de quem fica grogue hoje. Um termo que venceu as amarras do tempo, da língua e do continente. Lindo.)
"Você me conheceu num momento muito grogue da minha vida."

Curtindo a Vida Adoidado
Puro valor afetivo. Ferris Bueller é uma inspiração pra mim. O máximo de diversão que um filme pode me proporcionar tá aí, nessa montanha de zueira e estranhezas dos anos 80. Um dos filmes que mais vi, e um dos meus favoritos. É como voltar no tempo, ver a relação de Ferris Bueller e Cameron se desenvolvendo durante o filme e, *pá, ver toda a relação que existe com os protagonistas do Clube da Luta. Fiquem com essa, seu pulhas!
"Demolidor é um cara bem legal,
pena que não pode ver mulher..."

Pulp Fiction
Não gostei quando vi pela primeira vez, em 1999. Blé, desceu meio quadrado. Pra que tanta conversa furada? Quede ação? Isso é uma das provas de que naquela época eu era tão idiota quanto meu sovaco, que crescia seus pelos em direção ao antebraço, criando uma asa tímida que saía pela manga da camiseta toda vez que eu segurava no putamerda de um ônibus - vê-se que eu era um homem que ostentava sensualidade. A real é que o bom senso com meu suvaco veio junto com a admiração com o filme. Quando percebi o quão incrível é esse filme, o quão cheio de cenas clássicas, o quão original, o quão quão ele é, entrou na minha prateleira e vez ou outra o vejo só por prazer. E indico pra todo mundo. E me irrito quando alguém não gosta. Idiota. É um clássico.
"Ele falou que a Uma Thurman não é tudo isso!"
"Então faz o que a Lara faria. Enche de bala."

Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto
Gosto de filmes que castigam os personagens. Aprecio a aflição que a história dá ao torturar alguém até o fim. Me faz sentir que o mundo é isso mesmo, me faz aceitar melhor minhas dificuldades, me faz entender melhor a natureza humana. Eu sei, é coisa de doente, não me julgue. Mas olhe a lista. Dos 10, pelo menos 5 filmes maltratam bem o protagonista. Mas este aqui é o campeão. Eu termino ele numa angústia sem fim, chego a ficar com raiva, pois minhas unhas vão parar no estômago e depois tenho uma overdose de queratina. Basicamente dois irmãos decidem assaltar a joalheria da mãe pra pegar uma grana e livrar seus nomes do Serasa. Mas nada dá certo, a velha morre e a situação vira um puta puteiro do caralho (desculpa os palavrões, tia, foi o melhor meio de descrever o contexto do filme). Essa obra do Sidney Lumet tem uma edição incrível que vai e vem na ótica de todos os personagens envolvidos, e basicamente ninguém se safa. É um festival de ferração e tortura que quando termina parece que você acabou de sair do BIG na véspera de Natal, num suspiro de vida e frescor depois de tanto sofrimento.
"O senhor conhece os produtos Jequiti?"

O Rei Leão
Claro, um desenho! Eu ia listar UP, mas refleti com minha "quiança" interna e constatei que O Rei Leão tem mais importância na minha vida. Foi o desenho que marcou minha infância. Se não me engano foi o primeiro filme que me fez chorar de verdade, abraçado no travesseiro, feito um bobo emocionado. Na real, o filme é lindo, é uma grande obra, uma grande jornada para o Simba, uma lição de vida. Não tem como não se cativar pelo Timão e pelo Pumba. Você, criança, vendo esse filme, entende que a vida  deve ser levada a sério mas com leveza. Tudo bem que eu não segui tão bem essa lição, mas ela continua valendo pra mim. Hakuna Matata!
"Sai daqui e volta pra tua mãe, aquela mocreia rachada!"

O Homem Elefante
Falar desse filme pra mim é uma coisa estranha, pois ele é a coisa mais emocionante que já vi nesses meus longos 28 anos. Eu conheci esse filme numa coletânea da revista Bravo e o loquei mais pela pilha de dizer que vi esse filme do que para apreciar a beleza da obra. Terminei tremendo e emocionado. Aqui não cabe o quanto essa obra me tocou. O Homem Elefante basicamente é a história de Joseph Merrick, um homem com grandes deformidades no corpo que é tratado como aberração no circo. Ele então é descoberto por um doutor que decide tratá-lo e assim descobre-se que aquele monstro é uma pessoa triste porém gentil, cavalheiro, intelectual até, enfim, um ser humano. "I'm not a monster!" em certo momento ele grita, enquanto é cercado pela cruel curiosidade humana. Ultrapassa a condição de filme, vira arte pura.
Não vou fazer piada. Esse filme é maravilhoso demais pra se fazer piada.

Gran Torino
É estranho como gosto desse filme (E lá estou eu repetindo a palavra estranho. Eu sou um cara estranho. Nada mais normal - ou estranho? - que pensar de modo estranho.) Ele não tem nada demais, mas há um quê de sutil e lírico na relação do personagem do Clint Eastwood com os coreanos da história que me cativa e me atrai. É um filme de simplicidades, e acho que aí que mora sua grandeza. Como as amizades nascem da estranheza, como o ser mais próximo é o mais canalha e aquele cujo povo você combateu em uma guerra pode ser seu grande amigo no fim da sua vida. É um filme sobre amizades, nesse aspecto muito semelhante à UP, mas com uma delicadeza especial que  o filme da Pixar, arrisco, não tem. Perfeito para assistir comendo pães de queijo.
"Puxe meu dedo..."

Enfim, é isso. Minha medíocre lista. Mas não foi fácil. Minha lista original chegou a exatos 30 filmes. Notei que por alguns eu apenas tinha ternura, logo não deveriam ser marcantes. Sei lá, não entravam no critério. Então apertei o filtro, cheguei a 19. Então vi que daí tinha uma lista realmente boa pra puxar meus 10, mas aí começou a choradeira. Um entrava, meu coração pedia outro. Tirava mais um e este segurava na barra da calça pedindo pra ficar. Outro fazia cafuné no meu ombro querendo integrar a lista. Mais um fazia drama e dizia que nunca mais ia querer ser visto por mim. É, chapa, foi difícil, mas acho que consegui montar uma lista boa. E é a MINHA lista. Only mine. Mine. A sobra? Taí!

Parque dos Dinossauros
Macunaíma
Em Busca do Cálice Sagrado
O Retorno do Rei
Laranja Mecânica
Nascido para Matar
O Sétimo Selo
Seven
De Volta para o Futuro
Cidade de Deus
O Silêncio dos Inocentes
UP
Oldboy
O Cheiro do Ralo
Alien
Doutor Fantástico
Um Cão Andaluz
A General
Cidadão Kane
O Poderoso Chefão

O curioso é que minha lista é simples. Muitos filmes são megaconhecidos, não são grandes obras de roteiro, direção, apenas são filmes que ou são divertidos pra caralho, ou são extremamente envolventes, ou tiveram grande valor emocional pra mim, ou apenas são bons sem que ninguém saiba explicar: em suma, filme foda. Não são pra mim os melhores filmes, não é esse o critério. O que vale aqui são os mais marcantes na minha vidinha.

Espero que vos agrade. Ou não.

Um grande beijo à Jaqueline Viegas, uma pessoa tão maravilhosa quanto esses filmes, mais marcante que qualquer um deles. Nada substitui uma amizade.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Filmes fodas que não vi

Eu sou um cara que gosta muito de cinema, mas não sou cinéfilo. Isso é uma bosta, pois um bom filme é muito bem vindo pra mim, sou tranquilo com relação a gênero, assisto qualquer obra numa boa, e mesmo assim meu conhecimento de cinema, ao conversar com as pessoas, não passa de mediano.

Isso às vezes me emputece, claro. Quem gosta de amar algo sem conhecer todas as suas melhores coisas? (Nossa, amo ventiladores. Já sentiu o vento do modelo V240 da Ventisol? Não, mas que inferno, eu quero esse vento, me odeio, Gollum, Gollum!) Eu nunca vi um filme do Hitchcock, por exemplo. Páf! Esse foi o som de alguém jogando uma pedra em mim. Entendo. Já vi a filmografia inteira do Tarantino, mas não assisti a'O Grande Ditador, nem vi Por Um Punhado de Dólares. Pior, não conheço Fellini. Um Sonho de Liberdade? Necas.

Nesse momento você aponta o dedo na minha cara.
Mas mas mas mas... não tem desculpa. Tempo não faltou. Ele só foi mal aproveitado.

Sim, usei duas horas da minha vida pra ver As Branquelas e não ver Apocalipse Now. Não me critico pela ideia de que eu deveria ver filmes cult porque são cult e blá blá blá filme polonês sem som de 1967 que é muito poético etc. Não é esse o ponto. Não quero parecer um cinéfilo pedante que conhece as obras mais obscuras. Quero ver filmes fodas. Montar uma categoria na minha estante mental de filmes fodas. Luiz, já viu 12 Homens e uma Sentença? É foda. Se eu tivesse uma Videolocadora teria Terror, Ação, Pornô, Comédia, etc etc etc e FODA.

Eu penso que se o filme é foda, merece ser visto. Mesmo não tendo visto nenhum destes citados, eu não duvido que sejam foda, não duvido que eu realmente me divirta com eles como me divirto vendo um Bastardos Inglórios. E não duvido também que esses filmes não me tragam algo pra vida como, por exemplo, O Império Contra-ataca trouxe. Vou começar uma jornada esse ano para ver os filmes fodas que faltam na minha vida, tipo Os Bons Companheiros, Janela Indiscreta, Réquiem para um Sonho, Trainspotting, Princesa Mononoke, entre outros.

Estou em débito com minha vida. Preciso rechear melhor minha mente com filmes de qualidade, pois agora estou morando no Centro e fico vendo essa gente bonita e sensual descendo a ladeira da Borges com alegria. É sábio contrabalancear essa violência visual/auditiva/olfativa com coisas boas.

Aceito indicações de filmes fodas, claro.

Hasta!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Começou?

Eu tava precisando dar vazão a todos os apelos que meus amigos e meu cérebro faziam. Crie um blog. Crie um blog. Crie um blog. Criei, porra. Me aplaudam, me louvem, me beijem! 

Afinal, sou leonino, né, e preciso de atenção, preciso ser reconhecido, preciso que me chamem de garotão, "ui, garotão, vem cá, chega mais, deixa eu ver teu blog, deixa <Ziiiip>, nossa, mas que blogão, garotão, toma meu like aí!"

Mas não, o Luiz #1 pensa diferente. Ele acha que o blog é um lugar onde ele pode exercitar sua escrita e seus pensamentos, há muito estagnados pela falta de leitura e de produção. Então ele começou a ler faz mais de um semestre e agora depois de tanto se alimentar de literatura sente-se pronto pra produzir. Um cérebro parado não é uma opção para este Luiz. 

Já o Luiz #2 quer mais é botar pra fuder. 

Agradecimentos especiais: 
Ao Brad, que era da Applebee's, que me vendeu esse notebook. Sem ele não haveria blog. 
À Juliana Galaschi, que me pilha a fazer essa cagada há 9874386 anos. Tá feito! Feliz?
À Luiza, uma guria aleatória que conheci num dia estranho e não conheço mais (?), que me disse pra escrever meus pensamentos. 
Ao Marcos Vinícius Martim, porque ele é bonito.
Ao Felipe Neiva, Carla Laidens e Maurício Chemello, por lerem meus primeiros e medíocres escritos e terem me incentivado a seguir em frente. Filhos da puta. 
À Carolina Maslinkiewicz, Isabel Alice e Lara Ax, por terem sido uma luz na minha vida nesses últimos meses. 
Ao Israel Sardão, por motivo algum. Eu o acho legal. 

Ósculos e amplexos a todos.